Para aumentar a clientela, ele resolveu fazer propaganda dos seus serviços em árvores das principais ruas e avenidas da cidade. Até a BR-262 ganhou o anúncio do detetive particular Ricardo Marins de Oliveira, de 62 anos.
Foram espalhadas 100 placas entre Campo Grande e nos mais de 700 quilômetros que ligam a cidade a Guairá, no Paraná. “Fui fazer um trabalho lá e aproveitei o trajeto para fazer divulgação”, explica.
Apesar de ser uma das atividades mais antigas na praça, ele acredita que o trabalho ainda é desconhecido. Com a força da internet, Ricardo diz também que perdeu com a divulgação tradicional, feita em classificados. “Olham no jornal apenas, e hoje o jornal impresso não é tão lido quanto antes”, justifica.
Em três casos “simples”, o detetive já obteve o dinheiro gasto com a propaganda, garante. Ele jura que cada placa custou R$ 50,00 e que o retorno veio rapidinho. "Tive 300% de aumento de casos para resolver", conta.
Um trabalho, considerado algo simples, como certificar se uma pessoa é homossexual ou não, custa R$ 2 mil. O último caso desse tipo, atendido por ele, foi de um rapaz que estava apaixonado por outro e precisava saber se seria correspondido. "Dei sorte porque conhecia pessoas do mesmo grupo do cara que era gay e foi fácil confirmar".
Não dá para saber se é verdade ou conversa fiada, mas o detetive afirma que já teve de usar métodos mais "caros" para solucionar o entrave. "Um dia comprei um pênis de borracha e mandei pro cara para ver o que ele ia fazer, se responderia ou não", conta.
Facebook- Segundo Ricardo, a maioria dos casos, cerca de 90%, é de adultério, mas também há situações mais cotidianas, como encontrar um animal que está perdido, casos recorrentes.
A maioria da clientela é formada por mulheres, as mais desconfiadas, a ponto de contratar um serviço investigativo. Com tantos anos de experiência, ao todo 42, ele resume a rotina: “Na maioria das vezes é chifre mesmo”.
Como vivemos na época de tudo escrachado nas redes sociais, um perfil no Facebook já garante muitas descobertas. Mas Ricardo eleva o trabalho e diz que a internet não produz a prova cabal. Na avaliação dele, a traição é consumada quando há a relação carnal e isso não se comprova com mensagens. “Quem procura um detetive quer a realidade, Facebook é coisa de amador”.
O detetive Oliveira começou o ofício quando tinha 19 anos, no leito de morte do tio, que pediu para que encontrasse seu irmão, que estava desaparecido. Sem nenhuma experiência, ele conseguiu localizar o homem na Bahia. Foi a primeira e única profissão na vida.
Além de Campo Grande, ele atende fora do Estado e para isso conta com uma equipe de oito pessoas.
Tanta propaganda rendeu clientes, mas também reclamações. Na próxima semana, ele vai retirar as placas que foram pregadas nas árvores e a pedido da prefeitura e vai pendurar nos postes de iluminação pública.